Oficina de Ritmos Maranhenses Rufar dos Tambores com Luiz Claudio Farias

Data do Evento:
2 de agosto de 2025 09:00 - 13:00
Local do Evento:
Estúdio Mawaca, 483, R. Inácio Borba,, Chácara Sto. Antônio (Zona Sul), São Paulo
Oficina de Ritmos Maranhenses Rufar dos Tambores com Luiz Claudio Farias
DESCRIÇÃO
Público Alvo: Cantoras(es), Instrumentistas e interessadas(os) em geral
Classificação: Livre
Duração: 4 horas
OBJETIVO
A proposta desta oficina de percussão visa fortalecer a presença das manifestações populares no rico e diversificado cenário musical brasileiro. O papel da percussão na música popular brasileira e estrangeira vem assumindo nova identidade que está cada vez mais voltada para o aprendizado de antigas tradições populares com seus ritmos, danças e cantos, possibilitando a fusão deste referencial primitivo com elementos da música moderna, gerando uma linguagem musical mais consciente, harmônica e visceral.
HISTÓRIA
A chegada dos primeiros escravizados africanos ao Maranhão deu-se no inicio do século XVIII vindo principalmente da Costa da Mina, hoje Costa do Marfim, além de Angola e Moçambique e se espalharam por diferentes regiões do estado, como na região de Alcântara, norte de São Luís.
Na referida região encontram-se mais de 50 áreas remanescentes de quilombos. Em todo o Maranhão, são mais de 600 áreas. São Luís, ou Upaon-Açu, era habitada
pelos índios Tupinambás e já recebia naquele momento visitantes franceses, portugueses, açorianos, sírio-libaneses que se misturaram aos africanos. Este encontro de culturas
tão diferentes deu origem a uma miríade ímpar de tradições populares e religiosas, suas danças e toques, sua culinária e seus linguajares, transformando a capital em um celeiro multicultural talvez único na América Latina, quiçá no mundo.
O PROGRAMA
O programa consiste na transmissão prática e teórica de alguns ritmos da cultura popular maranhense. A fase de percepção rítmica começa com atividades coletivas de musicalização, a dança e a voz agindo como metrônomo natural e a transmissão oral de sílabas percussivas inerentes a cada levada, e alguns cânticos, a exemplo de como algumas tradições percussivas são transmitidas entre gerações na África e no Maranhão. Em grupo ou individualmente o aluno passa a tocar as levadas de cada ritmo, integrando o toque, a dança e canto. Nesta fase é transmitido um pouco da história das manifestações e o panorama atual de seus principais grupos. O público alvo são jovens a partir de 16 anos e adultos, não sendo obrigatório ter formação musical.
Em seguida os alunos terão aulas práticas e teóricas com os instrumentos e prática de conjunto. Os alunos poderão ainda ver como alguns dos ritmos podem ser adaptados ao pandeiro, congas, etc., e a um set up de percussão composto de cajon, hi-hat, prato e caixa, além de um pandeirão tocado com vassourinhas, técnica criada pelo percussionista Luiz Claudio durante sua passagem por São Paulo na década de 90, sendo o primeiro percussionista a utilizar este instrumento em shows e gravações de estúdio, com Ceumar (cd e turnê Dindinha) e Zeca Baleiro (cd e turnê Vô Imbolá), e que influenciou uma geração de percussionistas brasileiros, colaborando também no desenvolvimento e fabricação do primeiro pandeirão produzido em escala industrial pela marca Contemporânea Instrumentos Musicais.
PRINCIPAIS RITMOS ABORDADOS
BUMBA MEU BOI:
Sotaque da ilha ou de matraca
Sotaque de pindaré ou da baixada
TAMBOR DE MINA:
Mina dobrada
Mina da casa de jorge
Mina corrida
PARTE 1
Apresentação dos alunos e aquecimento corporal, alongamento.
Introdução teórica ao sotaque da ilha ou matraca
Sotaque da ilha
Transmissão das sílabas percussivas pela voz e movimentação corporal, dançando o ritmo.
Sotaque da ilha
Afinação dos instrumentos de couro na fogueira, transmissão dos toques do pandeirão, matraca e maracá, alunos tocam seus instrumentos.
PARTE 2
Introdução teórica ao sotaque da baixada ou Pindaré
Sotaque da Baixada ou Pindaré
Transmissão das sílabas percussivas pela voz e movimentação corporal, dançando o ritmo.
Sotaque da baixada ou Pindaré
Afinação dos instrumentos de couro na fogueira, transmissão dos toques do pandeirão, matraca e maracá, alunos tocam seus instrumentos.
SOBRE LUIZ CLAUDIO FARIAS
Percussionista, produtor musical, arte-educador e pesquisador da cultura popular, Luiz Claudio, natural de Belém do Pará, chegou ao Maranhão no final da década de 70. Lá desenvolveu extenso trabalho de pesquisa de campo coletando material, convivendo e aprendendo junto a grandes mestres de tambor como Mestre Bibi da Casa de Cultos
Africanos Nagôs, Mestre Eusébio líder Huntó da Casa das Minas, Mestre Felipe, Mestre Leonardo do Tambor de Crioula e Boi de Zabumba, Humberto do Maracanã do Bumba meu Boi e Dona Tété do Cacuriá, entre muitos outros.
Em 1984 participou do I Colóquio Internacional de Sobrevivências Religiosas Africanas na América latina e Caribe a convite da UNESCO, onde foi membro da comissão cultural, e tradutor das palestras, trabalhando ao lado de etnomusicólogos e antropólogos como Sérgio
Ferreti e Pierre Verger. Em 1987 dirigiu o Beat and Beach, I encontro de percussão no Maranhão onde trouxe músicos como Robertinho Silva, Layne Redmond, Marco Suzano para shows e oficinas para a comunidade. Em 1987 criou o grupo FOGO DE MÃO, que participou do PERCPAN, Panorama Percussivo Mundial, em Salvador em 1995, a convite de Naná Vasconcelos, e do FAN em Belo Horizonte a convite de Djalma Correa, onde tocou ao lado dos grandes nomes da percussão brasileira e mundial.
Em 1998, já em São Paulo, foi professor de ritmos brasileiros, e especial aos do Maranhão e do Pará, no Núcleo de Percussão Paulo Campos e ministrou diversas oficinas em universidades e conservatórios, como o conservatório Sousa lima, filial da Berkelee School of Music no Brasil. Participou de várias oficinas com músicos do mundo inteiro, principalmente com músicos indianos, árabes, africanos e cubanos, tanto na percussão como em práticas de arranjos e composição na aplicação de tradições percussivas à música contemporânea, o que ampliou seus conhecimentos na música. Participou de diversos festivais de Jazz (TIM Jazz Festival, edições Rio de Janeiro e São Paulo) e de musica étnica. Tocou em várias casas noturnas de São Paulo ao lado de Paulo Campos, um do precursores do LIVE PA no Brasil. Tocou e gravou com Nelson Ayres, Ceumar, Naná Vasconcelos, Chico Saraiva, a Barca, Péri, Flávia Bittencourt, Zeca Baleiro e Rita Ribeiro, Monserrat, entre muitos outros artistas nacionais e internacionais. Em 2012, gravou no estúdio Systems 2 em Nova York com o renomado pianista brasileiro de jazz Rubens Salles, além de shows, e oficina de ritmos brasileiros para alunos da Julliard School of Music de Nova York. Em 2019, realizou oficina sobre música brasileira no Clube do Choro de de Paris, França.
Em São Luis criou a trilha sonora para o espetáculo Badulaques da companhia de dança Pulsar e trabalhou com arte educação musical junto a diversas instituições como Funac (Governo), e a Fundação Cultural Banco do Brasil. Participou da criação do projeto Aldeia de Sons para a Ong Sítio do Barco em Alcântara e participou do projeto Cuidar da UNESCO, junto a comunidades negras e quilombos do Maranhão. Com seu projeto Som na Lata realizou projeto de resgate do Tambor de Crioula da ilha de Cajual no Maranhão.
Atualmente residindo em São Luís, Luiz Claudio vem trabalhando com seu estúdio e selo @zabumbarecords, cujo propósito é de pesquisar, gravar e divulgar tradições populares e religiosas do Maranhão e Pará e produzir e lançar bandas e artistas da cena musical contemporânea do Maranhão em parceria com a distribuidora francesa @believemusicfrance. O primeiro trabalho do selo foi a gravação ao vivo do cd do Boi de Zabumba de Leonardo, em parceria com a Na Music de Belém, lançado em maio de 2019, tanto físico como digital em todas as plataformas no mercado.
Com a retomada dos festejos juninos em 2022 , o percussionista voltou a atuar junto a grupos de Bumba Meu Boi e Tambor de Crioula, os quais são a expressão mais forte da cultura popular do estado do Maranhão. Nesse período, o músico também se apresenta com o trio de forró idealizado por ele – o Na Asa do Carcará, que recentemente lançou seu primeiro EP, Vem Comigo Coração em todas plataformas digitais, mais um lançamento do selo Zabunda Records produzido por Luiz Claudio em parceria com @believemusicfrance
Em maio de 2022, Luiz Claudio apresentou seu grupo o Loopcinico, agora chamado, Parôpraquentá – nome escolhido em alusão ao momento em que os tocadores de tambor de crioula param o toque para afinar os tambores na fogueira- no Festival BR135 Instrumental. O Parôpraquentá, é um projeto musical que traz temas da cultura popular do Maranhão revisitados, com uma roupagem acústico-eletrônica sustentada por beats criados a partir de células rítmicas dos tambores e por elementos harmônicos de teclados e synths, ancorados pelos tambores ancestrais tocados ao vivo por Luiz Claudio, além de cânticos e toadas incidentais.
Atua também com a Zabumba Records Produções @zabumbarecords, produtora que fornece a assessoria para empresas privadas e instituições municipais e governamentais em produções culturais de shows, produção de CDS, trilha sonora, e eventos com grupos de cultura popular. Como produtor musical, dirigiu a gravação em Belém do cd de sua banda Loopcinico, que mescla ritmos maranhenses e paraenses com programações eletrônicas, sendo indicado para o Prêmio da Musica Brasileira edição 2014 e seu cd Batuques do Norte com o Trio Manari, ambos lançados pelo selo Na Music de Belém. Atualmente Luiz se dedica à vários projetos solos, entre eles o Encantarias Acústico, que mistura ao vivo percussão com bases eletrônicas tendo se apresentado no Centro Cultural do Banco do Nordeste em Fortaleza e no SESC de Belém do Pará. Este show passeia pela leitura fiel das tradições percussivas maranhenses, fruto da gravação de um EP que contou com a partipação de Zeca Baleiro e Chico César. Toda a sua obra poderá ser encontrada nas plataformas digitais.